

A Alice é uma homenagem.
A muitas mulheres sofridas, silenciosas, resignadas de quem pouco se fala. Mulheres que se querem esquecidas e que querem esquecer-se. Porque sofrem, e o sofrimento incomoda. Incomoda-as a elas, que o calam, mas incomoda-nos sobretudo a nós, que, simplesmente, olhamos para o lado.
Maria José da Silveira Núncio é a autora de O que se cala é como se não existisse e Calor.


A propósito do meu novo livro, foi-me sugerido
um esclarecimento logo à partida: que sinistros pontos de contacto se poderão
estabelecer entre a figura aparentemente simpática de um ouriço-cacheiro e uma
coleção de contos aparentemente sobre o amor?
À partida nenhuns, dirão os leitores
mais apressados, e com alguma razão, confirmo eu. O título de um livro de
histórias de amor deveria incluir o nome de algum lugar romântico como Veneza, Paris
ou Toscânia, ou de um lugar exótico como uma ilha deserta, um farol isolado ou
o extremo oriente. Aí sim, existe amor. A ter nomes de animais, então deveriam
ser nobres como os de algumas aves ou de grandes felinos.
Mas porquê um ouriço?
É verdade que tem uma aparência encantadora,
inofensiva, confiável até. Um bichinho amoroso. Quase nos esquecemos que é um
animal solitário, o maior mamífero insectívoro e que, quando se sente ameaçado,
se enrola, formando uma bola de espinhos que põe à distância qualquer predador
que o tenha confundido com o jantar.
O amor e um ouriço-cacheiro.
Acreditem que não é fácil lidar com nenhum dos dois, como se poderá comprovar
ao longo das nove histórias que compõem o livro.
¿O meu amor pela música começou cedo, e muito por influência dos meus amigos, a maioria deles mais velhos do que eu. As primeiras bandas que me cativaram foram Pink Floyd, Depeche Mode, U2 e Xutos e Pontapés. Destas, continuo a seguir atentamente os Depeche Mode, que têm sabido manter-se relevantes e actuais, o que não é de estranhar, já que estiveram sempre muito à frente do seu tempo.